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Projeto 1000 em 1






Diário de Bordo – Projeto 1000 em 1

Julho de 2012: Participo do 7º Congresso de Jornalismo Investigativo, onde é apresentado o projeto.  A ideia era a seguinte: “100 duplas de todo o país realizariam 10 entrevistas com jornalistas premiados em 1 ano.” A iniciativa que veio da Abraji – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo com o Oboré, é para que todas as pessoas pudessem ter acesso a matéria premiadas dos jornalistas do Brasil. Topei o desafio juntamente com a minha colega de faculdade Karen Gomes, ambas haviam terminado o primeiro semestre de jornalismo há poucas semanas.

De Agosto a Dezembro de 2012: Começamos a selecionar possíveis perfis.

Dezembro de 2012: É realizada da 1ª reunião do projeto. Dúvidas, as mais frequentes eram sobre como fazer e por onde começar. Alguns pontos foram determinados, outros ainda estavam em processo de adaptação, já que esse é um projeto inédito. O compromisso agora é achar os 10 jornalistas.

Janeiro a Fevereiro de 2013: Buscando perfis, matérias e contatos, um grande desafio.

Março: Agora começa a seleção dos personagens, já que informação de mais faz mal. Estou aprendendo a ouvir o outro, porque fazer um trabalho sozinho não existe. Comecei a ligar para tentar entrevistas, e com elas fui aprendendo que jornalismo é persistir, investigar, ser “chato”, escrever e correr atrás das fontes.

15 de março de 2013: A 1ª Entrevista do projeto aconteceu. O escolhido foi o nosso orientador do projeto José Carlos Francisco, sobre a reportagem premiada dele “Acre Faroeste Caboclo", que ganhou 3 prêmios, entre eles o Vladimir Herzog. As informações sobre a matéria e sobre o entrevistado estavam completas, o difícil foi a minha primeira entrevista em vídeo. O perfil, o comportamento em frente a câmeras, o improviso, saber tudo mesmo foi o que eu usei nessa primeira etapa. Aprendi muitas coisas sobre o entrevistar e vi que ainda tenho muito a descobrir. E o que é o entrevistador sem o câmera? Tive um grande auxílio do Eric, o responsável pelo estúdio da faculdade e, claro da minha colega Karen, que deu todo suporte necessário para que tudo desse certo.

Link da entrevista

Março de 2013: Agora é a hora de editar. Minha parte nessa etapa era de minutar a entrevista. Tive que transformar 25 minutos de matéria bruta em 10 minutos de reportagem. Algumas partes foram cortadas, outras adaptadas, tudo sem tirar o sentido das informações.

Abril de 2013: Mudar aquilo que já está pronto, foi outra lição que eu aprendi que faz parte da vida do jornalista. Mais e mais ligações, leitura de matérias, elaboração de perguntas.

12 de Abril de 2013: A 2º entrevista foi feita pela Karen, que a fez muito bem. Dessa vez tivemos o desafio de entender uma matéria sobre agricultura, que é um tipo de jornalismo mais especifico.  A entrevistada da vez foi a jornalista Isaura Daniel com a reportagem “O alimento que brota da seca”. Aprendi bastante com essa profissional, de como me portar e modos de ser na minha futura profissão.



17 de Abril de 2013: Outra minutagem, agora com um olhar mais atento para não perder nenhuma informação essencial. Aprendi que essa tarefa difícil, mas de extrema importância, já me ajuda a entender o cenário. Porque não é simplesmente cortar o áudio, o tempo da fala tem que estar certo, as respostas tem que estar coerentes.

23 de Abril de 2013: 3ª entrevista não foi impedida de acontecer por nada, muito menos pelo meu pé que eu tinha torcido um dia antes. Como sempre saber muito sobre o tema me ajudou na hora de entrevistar Sandra Alves. O prêmio escolhido foi à denúncia sobre o "Guarani Kaiowá: Genocídio silêncio de um povo”, nesse caso dos índios. Aprendi que coragem, determinação, tranquilidade e confiança ao fazer as perguntas, são outros elementos do ato entrevistar.  

29 de Abril de 2013: Ajudei um pouco mais nessa 3ª edição. Consegui editar uma pequena parte da entrevista, mas já é um ótimo começo para esse grande aprendizado que estou adquirindo.

3 de Maio de 2013: Outra entrevista que eu faria. Dessa vez saímos da faculdade e fomos para Rede Bandeirantes de Televisão. Uma experiência bem legal. Tivemos que fazer sozinhas toda entrevista, sem ter experiência nenhuma com câmeras, tivemos que nos adaptar, e novamente eu destaco a importância de uma equipe. O tempo era curto para fazer as perguntas. O que fez da entrevista mais um teste, para ver o quanto eu estava preparada, já que eu não podia errar. A reportagem premiada foi do repórter, Fabio Pannunzio com a série “Desaparecidos”, que foi premiada com o Esso de 2012. Elaborar uma reportagem é ir além do que já fizeram, é mostrar outros lados que nunca apareceram, e ajudar de alguma maneira a sociedade, mesmo que fosse só para mobiliza-la, foi o que aprendi com o entrevistado. E claro meu amor pelo jornalismo só cresce.  Mas a gravação dessa entrevista não ficou nada boa. Teríamos que fazer a entrevista novamente.





Julho de 2013: 5ª entrevista, novamente fora da faculdade, e dessa vez eu era a cinegrafista. Aprendi sobre ângulos, espaços, luz e adaptações. A entrevista foi outro grande aprendizado. Dessa vez a entrevistada foi a jornalista Marilu Cabañas, com a série premiada “Infância no Lixo”. E essa foi outra reportagem de denúncia. Com a entrevista vimos que a reportagem ajuda a mudar realidades, a sociedade e até mobiliza políticos para resolver problemas que se tornam públicos. Coragem, pesquisa e sensibilidade, são precisas sempre na elaboração de reportagens.


29 de Julho de 2013: A entrevista foi reagendada com o Fábio Pannunzio, e dessa vez um técnico nos acompanhou para a gravação. Sempre ler a matéria e as perguntas ajudam demais na hora da entrevista, aprendi isso novamente na prática.  

Agosto de 2013: As duas últimas entrevistas que foram feitas, já estão editadas. Agora falta a vinheta, GCs e outros detalhes para que os vídeos sejam postados no youtube.

07 de Agosto de 2013: Tivemos muitas dificuldades nesses últimos meses. Duas entrevistas deram errado, uma foi remarcada, a outra não, por conta da agenda da entrevistada. O projeto é trabalhoso, difícil mas é o desafiador dele é o que me convida a persistir, correr atrás. Mais de um ano se passou nessa jornada, e 5 entrevistas ainda precisam ser realizadas. Eu vou terminar, porque eu quero aprender muito mais do que já aprendi nessa linda profissão de reportar a informação, ser repórter.

De Setembro de 2013 até Março de 2014: Foram seis meses desde a 1ª entrevista, e eu fico pensando se eu realmente vou conseguir terminar esse trabalho. Mas eu não podia desistir, afinal, eu,  a minha amiga e o editor da faculdade tínhamos corrido tanto, nos esforçado e batalhado para fazer esse projeto dar certo, então decidi que não iria parar no meio do caminho. 

6ª Entrevista foi com a Fabíola Cidral, na sede da rádio CBN. Chegamos na hora, montamos o equipamento rápido e esperamos pela entrevistada. Eu arrumei a câmera do jeito que eu lembrava que era certo e fui coordenando a entrevista. Fiz plano fechado só na entrevistada e depois aberto para fazer abertura e a finalização do vídeo. Aprendi muita coisa sobre como fazer uma entrevista de rádio, com a série "Taxista história de vidas", que ganhou o prêmio CNT. Além de tudo isso, foi um prazer poder conhecer essa grande âncora e repórter da rádio CBN.

7ª Entrevista: Paulo Galvão, âncora do programa Três Tempos da Rádio Bandeirantes. Chegamos atrasadas, graças o trânsito terrível de uma sexta em São Paulo. Montamos o equipamento super rápido, fazia as algumas perguntas conforme as respostas do entrevistado, mas outras eu tive que ler, porque estava extremamente nervosa. Mas gostei bastante dessa entrevista e aprendi bastante com a Série "Câncer sem Mistério". Foi trabalho que realmente mereceu o prêmio que conquistou.

8ª Entrevista: Michelle Trombelli, que foi premiada novamente em 2014. Pela menção honrosa no Vladimir Herzog e plo prêmio CNT de Jornalismo. Foi bem bacana fazer a gravação novamente e ir na rede Bandeirantes pela 5ª vez na Rede Bandeirantes de Televisão. Série "Cidade Viciada" denuncia os principais problemas da cidade de São Paulo, que são comuns, mas os governos não dão atenção para a resolução deles. 

9ª André Tal: Foi incrível essa entrevista com o correspondente internacional da Rede Record. Sai da entrevista querendo mais do que nunca ser uma repórter, que é o meu grande objetivo, meu sonho de consumo. E com o André eu entendi que quando mais eu for eu mesmo, claro que tenho que ter conhecimento sobre o mundo, sobre o dia a dia, literatura, ética e muitas outras coisas técnicas e específicas, eu vou conseguir seguir bem nessa carreira linda. Porque a sensibilidade de ouvir e descobrir as histórias das pessoas, foram na minha opinião, os principais motivos que tornaram a série especial "40 anos: Transamazônica  estrada sem fim", merecedora de ser premiada. Entendi muito mais sobre filmagem e de fazer uma entrevista, mas é claro ainda tenho muito o que aprender.


     

10ª e última entrevista: Foi o máximo conseguir chegar nesse ponto, que eu achei que não chegaria. Fiquei muito feliz, e aqui fica o meu muito obrigada para Lucas Carvalho, que conseguiu o contato de Lucia Rodrigues. 
Foi bem bacana ver tudo dando certo e finalizando em exatos 12 meses desde a primeira entrevista, que aconteceu em Março de 2013. E ficar nos bastidores, só vendo a entrevista também um modo de aprender bastante. E o que um jornalista sem a equipe? Obrigada a Karen Vaz, minha companheira de andanças e de entrevistas e ao Eric Vendramin, nosso incrível editor de vídeo e cinegrafista, além de um grande motivador. 





O que aprendi com os entrevistados: “Você precisa olhar o quem acontece ao seu redor sobre o que você esta escrevendo, em pensar além do que você vê. Correr através das fontes, levantar da cadeira, e escrever bem, que é algo que vai melhorando com o passar do tempo, com a perda da insegurança e com a prática, a leitura e modo de mostrar o lead de algo diferente.” Isaura Daniel

“Persistência, ir com calma, não desistir do que esta fazendo, além do gostar e acreditar na profissão tem que ser apaixonada pelo faz. Já que você vai encontrar pessoas quem não querem ajudar e  muitas dificuldades.” Sandra Alves

“A relação humana faz parte do jornalismo, mas é ela difícil, é preciso estar preparado.  Tem que estar forte, determinado no que você quer e no que acredita. Com garra, estudem, leiam muito sobre o que vocês estiverem fazendo, tem que saber tudo antes de entrevistar alguém e tem que conseguir algo novo.” Marilu Cabañas

“É fundamental que as pessoas leiam os clássicos da literatura, porque quando os jovens alunos são dotados de técnicas, mas o que fará você ganhar o jogo é a competência em entender o Universo que você se encontra. Os benefícios dessa técnica vão ser sentidos no futuro.” Fabio Pannunzio


“A primeira dica que dou sempre, não tenha preguiça. Eu vejo hoje os estudantes muito preguiçosos, muito acomodados, sempre fazendo a coisa mais fácil. Para uma boa história, você tem que ter paciência, tem que pesquisar, tem que conversar, tem que chegar na manha com o cara, falando com humildade, olhar no olho das pessoas, tem que ter paciência de ouvir, e não apenas falar. E não deixe de ousar, e ver de que maneira você pode melhorar o que fez.” Fabíola Cidral

“Para você vir para essa carreira você tem gostar muito, porque o dia a dia não é fácil, nessa profissão você costuma trabalhar mais horas do que o normal, então se a pessoa não tiver realizada com aquilo vai ser difícil seguir adiante. Para seguir nesse caminho tem gostar de ler, de escrever, de falar com pessoas e ser curiosa.”  Paulo Galvão


“Você não deve se contentar com o básico, começa com o feijão com arroz e mesmo que você ouse e queria fazer uma abertura ou uma sonora diferente e seu editor falar não viaja, tudo bem você muda, mas sempre deve tentar ousar, o básico é o que você precisa, mas o ousar é que vai tornar aquilo diferente”. Michelle Trombelli

“Não seja um jornalista vaidoso, pense no telespectador, no que você pode oferecer para ele e traga para ele histórias de que vão se lembrar. Vai atrás de algo que vai trazer novidade, vai melhorar a sociedade, que denuncie algo que está errado, por aí o seu sucesso é consequência.” André Tal


 “Reportagem é rua, porque é local onde estão os acontecimentos, você tem que vivenciar para escrever, já que um olhar já tem diz algo, pelo telefone você não sabe a reação que o cara teve. E a reportagem é alma do jornalismo." Lucia Rodrigues  

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