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O apanhador de sonhos

Quem acha que não é possível viver de sonhos ainda não teve o prazer de conhecer Rômulo Feletti. O capixaba de 32 anos trabalha para captar os sonhos de milhares de casais há mais de 15 anos. A fotografia faz parte do DNA do profissional e os casamentos são o foco principal do seu trabalho.

A profissão foi herdada desde o berço. O pai dele, que é fotógrafo há 35 anos, lhe ensinou o caminho das pedras. No início, o Rômulo, que nasceu no interior do Espírito Santo, ajudava nas coisas mais básicas, como, por exemplo, segurar a luz. Mas acompanhar seu mestre nunca foi apenas um hobby. Apesar de ser formado em administração, desde o início ele já observava tudo. E quando menos esperava, já estava tirando fotos. 

Em todo começo de profissão, copiamos tudo o que nosso mestre nos ensina, mas com o passar do tempo acabamos desenvolvendo nosso próprio estilo de trabalho. E foi isso que aconteceu com o Rômulo. Ao longo dos anos, outras ideias de fotografia foram pipocando na cabeça do jovem e, depois de tomar coragem, ele partiu em um caminho solo. 

Além da fotografia, viajar também fazia parte das paixões do fotógrafo, então ele sabia que um dia a sua profissão o levaria para lugares incríveis. “Comecei a misturar viagem e fotografia de casamento e deu super certo.”

Ele pode ir até o estado onde o casal está, ou acompanhá-los em outra região, até mesmo fora do Brasil, para capturar o melhor cenário.

 

Crédito: Rômulo Feletti

Apesar de não ter feito faculdade de fotografia, sempre gostou muito de estudar. Então além de aprender com o pai no dia a dia, também estudava em workshops do seu estado. E para não ficar para trás, até hoje continua pesquisando e se atualizando. Afinal, a fotografia digital muda o tempo todo. 

Bem no começo do trabalho, o fotógrafo tirava fotos de tudo. Mas com o passar do tempo, percebeu que sua verdadeira vocação era tirar fotos de casamento, porque amava a correria e pressão desses momentos. Eles eram únicos, por isso, precisava estar lá, para apanhar o sonho de cada casal. 

Se engana quem pensa que toda foto que ele tira é igual. Cada casal tem seu estilo, seus gostos e próprio jeito, então cada final de semana é diferente. Para o apanhador de sonhos, o único peso da profissão é esse: o da responsabilidade de recontar aquele momento único para as gerações futuras através de cada clique. 

“A fotografia tem um lado que me deixa bem, que muitas vezes ultrapassa o lado financeiro. Às vezes eu faço coisas que deixo de ter o meu lucro para chegar no resultado final, mas me orgulho que é isso que eu quero sempre deixar para as pessoas: uma história.” 

A instituição matrimonial é tão importante para o nosso personagem que existe um Rômulo antes de se casar e outro depois que se casou. Através da sua experiência pessoal, agora ele tem mais empatia e identificação com cada casal. 

Apesar de ter começado sua carreira solo há 5 anos, atualmente ele trabalha lado a lado do seu grande amor. Sua companheira aprendeu a profissão seguindo seu exemplo e acabou virando seu braço direito na empresa.

Contar a história de um casamento com certeza não é uma tarefa fácil. Em cada cerimônia que ele participa, são tiradas, em média, 5 mil fotos, mas no álbum vão apenas 70 fotos. O casal é o responsável por escolher as imagens, mas é o Rômulo quem tem a missão de ajustar as ordens das revelações para contar esse momento único. Desde que começou, já participou de mais ou menos 600 casamentos.

Para você, segurar o choro em um casamento é uma tarefa quase impossível? Para o fotógrafo também. Embora não seja muito emotivo, o nosso apanhador de sonhos precisa segurar a emoção para continuar fazendo um bom trabalho.

Esse trabalho é tão reconhecido que o relacionamento entre profissional e cliente não acaba no “pode beijar a noiva.” Em muitos casos, eles continuam em contato e se encontram novamente quando a família cresce, durante o ensaio de gestante, por exemplo, ou até um pouco antes, durante a lua de mel. Sim, esse fato inusitado já aconteceu: um casal pediu que ele os acompanhasse nas primeiras semanas juntos para registrar tudo.

Como qualquer ser humano, desistir já passou pela cabeça do Rômulo. Enquanto ainda trabalhava com o pai, até pensou em desistir da fotografia, porque aquele não era um estilo de trabalho com o qual se identificava. As fotos, que seguiam um estilo mais antigo, eram poses combinadas. “Até pensei em desistir e seguir a carreira que eu tinha feito faculdade, administração. Daí abri meu estúdio para ver o que acontecia e deu certo." 

Para o azar do fotógrafo, nem todo mundo nasce fotogênico por natureza. Por isso, é comum ouvir em todo ensaio: “meu noivo não gosta de tirar foto”. Mas esse mero desafio não é nada. Com muito cuidado, paciência e amor, ele vai conversando, mostrando os caminhos, e todos, até os casais mais travados, acabam ficando super relaxados no decorrer da sessão. 

“Eu comecei a desenvolver essa técnica quando comecei a trabalhar sozinho - observar muito o casal, conversar, entender o que gostam e ver o que funciona para cada um) Nunca gostei da foto com luz artificial, então desde o começo já viajava com os casais.” 




Para que as fotos do casamento fiquem incríveis, o Rômulo usa o ensaio de pré wedding para apresentar seu estilo de fotografar e entender o que o casal gosta. Para quem olha as fotos no perfil do Instagram, toma até um susto. Até em cima de um trem um casal já subiu para tirar aquela foto ideal. Mas não se preocupe, todos os cuidados são tomados e nada é feito sob pressão.

“Teve uma noiva que falou: 'quero agradecer muito, é incrível como você compra o nosso sonho'.”

Crédito: Rômulo Feletti

Todo esse esforço e dedicação já foi reconhecido com uma premiação importante, a da Bride Association, em julho de 2020. A foto dele concorreu com mais de 1.700, que representavam os cliques de fotógrafos de 18 países. “Eram profissionais incríveis, então ganhar esse prêmio foi super legal. Imagina um fotografo vindo do interior do Espírito Santo ganhar? Foi bem bacana. Inclusive essa foto foi tirada na minha cidade natal.”

Crédito: Rômulo Feletti


Depois que foi publicada no Instagram, a foto teve uma repercussão incrível. Por isso Rômulo percebeu que o clique tinha algo diferente. Então, ele começou a analisá-lo e viu que tinha todas as características para concorrer à premiação. 

A rede social tem sido de grande ajuda para divulgar o seu trabalho a chegar cada vez mais longe. Há 3 anos ele divulga o seu trabalho no Instagram e atualmente conta com mais de 41 mil seguidores.

“Fotografia é a minha vida, eu vivo ela 24 horas por dia, mesmo quando não estou com uma câmera na mão, estou fotografando com os olhos. Durante uma viagem, vejo elementos que dariam uma boa foto. Até nas férias fico o tempo todo vendo foto.”


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