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Nasce um bebê, cresce uma mãe

Expectativa e realidade dos primeiros dias de um recém nascido

Nascimento, milagre, início de uma nova vida. Antes de um bebê nascer, a mãe passa por 9 meses de ansiedade, muitos momentos felizes, com medo, fazendo descobertas, se emocionando e contando os dias para ver o rostinho do seu tão desejado filho.
Mas algumas mães passam por mais dificuldades de que outras para engravidar. A ginecologista Adeli de Lourdes Ferreira aponta alguns dos principais motivos. “Causas clínicas, se a pessoa já tem alguma doença de base, alguma descompensação, diabetes, hipertensão, alguma doença do sangue, tireoide, algo mais intenso; ou causas de origem ginecológica como mioma e má formação do útero.”
Para a professora Liliane Rodrigues da Silva, o maior problema nem foi o encontro com esses obstáculos que impediam o desenvolvimento da gestação, mas sim encontrar um tratamento para combatê-los. Antes de conseguir ter a pequena Ana Vitória, ela sofreu 5 abortos, entre os anos de 2009 e 2015. Em todos os exames apareciam as causas: trombofilia adquirida, baixa vitamina D, falta de reconhecimento dos linfócitos paternos do marido e anticorpos na tiróide. Mas só em 2016 é que um médico reumatologista e imunologista conseguiu encontrar um tratamento para que Liliane mantivesse a gravidez.
Após dois meses de gestação, a pressão arterial da Liliane começou a ficar alta. “Quando estava com 26 semanas, os meus pés, mãos e lábios começaram a inchar muito. Com 28 semanas, fiquei internada 11 dias, devido a vômitos e mal-estar. Porém, depois de 16 dias que havia saído do hospital, ela nasceu, com 32 semanas, pesando 1,750kg. Na UTI ela se alimentava por sonda e também com mamadeira. E no início ela não sabia sugar, por isso fez um tratamento com a fonoaudióloga para aprender. E agora estou no período de transição da mamadeira para o peito. Mas ela ainda não se acostumou totalmente. A Ana é uma criança saudável e sem sequelas.”



Para cuidar da Ana Vitória, a Liliane vai passar pela pediatra algumas vezes para  acompanhar o ganho de peso da pequena. Mas as dificuldades comuns das mães de primeira viagem não fazem parte da rotina dela. Porque 4 anos antes da Ana Vitória nascer, Liliane tinha adotado a recém nascida Gabriela.
Quem está enfrentando tudo pela primeira vez ouve muita coisa sobre o que deve ou não fazer, e as dúvidas acabam fazendo parte da rotina. Para a pediatra Andréa Graça, a dificuldade faz parte e atinge todo mundo. Ela conta que até ela, que trabalha há mais de uma década atendendo crianças, teve suas dificuldades. “Quando cheguei da maternidade com meu filho, eu pensei: ‘tá na hora de fazer o quê?’. Porque na maternidade, eles fazem tudo, elas trocam, dão banho. Até você se encontrar, demora. Mas a mãe vai tendo ritmo com bebê, vai se formando um vínculo entre eles e vão ter uma rotina. É válido ter alguma noção, de como é o leite, de como tirar, como dar de mamar.”
O conhecimento prévio sobre como seria o parto ajudou a professora de história, Miriam Nomura, mas não a preparou totalmente para hora de ter a primeira filha, há 9 anos. Ela seguiu algumas dicas para conseguir ter um parto normal. A partir dos 3 meses de gestação, ela começou a fazer caminhadas cinco vezes por semana, por uma hora, alongamentos e ginásticas, que se estenderam até o final da gravidez. Além disso,  ainda cuidava da alimentação. As atividades ajudaram bastante, e depois de 39 semanas, Miriam deu a luz a Maria Isabel de uma forma tranquila e rápida.
Os desafios e aprendizados que uma mãe passa nos 100 primeiros dias de vida do seu de um bebê são inúmeros, e entre os mais difíceis está a amamentação. Esse com certeza foi um desafio para a mamãe Miriam. “Foi muito difícil amamentar o primeiro filho. Meu peito ficou muito machucado, mas eu insisti bastante. A Ana, minha tia, já tinha tido filho através do parto normal, acabou me dando umas dicas, e falava que eu tinha que aguentar a dor e que não podia correr por qualquer coisa no médico.”
Amamentação também é um grande benefício para os bebês, por diversas razões. E as vidas dos bebês que se alimentam com leite materno ou com suplementos são muito diferentes. Andreia diz o leite materno faz com que a criança receba mais anticorpos para se desenvolver, melhora a imunidade, que é passada da mãe para o filho, ajuda no desenvolvimento da sucção e até no desenvolvimento dos músculos faciais, porque mamar no peito é mais difícil para o bebê sugar do que na mamadeira - no futuro, esse trabalho muscular vai influenciar na fala e na mastigação da criança.
Mas não é toda a mãe que consegue amamentar o seu filho. Segundo a pediatra, isso não é algo que deve ser condenado, porque cada uma sabe onde ‘aperta o seu calo’. “Nem todo mundo consegue, depende de cada caso. Tem umas que deixam porque não querem e por que não gostam mesmo de ficar presa. Além disso, se a mãe tiver mastite, que é infecção ou mama invertida, vai ser mais difícil. O stress e a correria do dia a dia também podem impedir a mãe de tirar o leite.”
Os 100 primeiros dias também são importantes para a mãe. Nas primeiras 6 semanas, em torno de 42 dias, o corpo da mulher retorna ao funcionamento normal e o útero volta ao tamanho natural. Nessa fase, a mãe já está amamentando, o que ajuda muito nesse processo. Esse período também é mais delicado, por isso a ginecologista indica que mulher não faça esforço e nem tenha relação sexual. Mas depois disso, a vida volta ao normal, e a mãe já pode voltar a fazer atividade física.
Outra dificuldade que as mães enfrentam no início é conseguir se adaptar ao sono do seu bebê. A recomendação de Andréa para esses primeiros dias é não ficar acordando o bebê de noite para mamar, porque se ele está dormindo, quer dizer que ele está bem e confortável. Ademais, é normal que nos primeiros meses eles durmam bastante, principalmente de dia. Então, para que esse bebê aprenda o que é o dia e noite, ela dá algumas dicas: não é recomendável ficar agitando o bebê quando estiver escuro, nem deixar muita televisão ligada, muita luz e muito barulho. Já de dia, ele pode ficar em um lugar mais agitado, para que possa se acostumar com os barulhos da casa.


Diferenças e semelhanças entre os filhos


Depois de 6 anos, quando Miriam conseguiu engravidar novamente e teve que passar por todo o processo de ter um recém-nascido. A principal diferença entre o primeiro e o segundo filho era o sexo, porque, desta vez, tinha chegado um menino. Amamentar o Rafael foi muito mais fácil do que foi amamentar a Maria Isabel, porque ela tinha experiência. A dificuldade de não dormir retornou com o recém nascido, mas ela foi superada pela vontade que Miriam tinha de ter o segundo filho. “A pediatra falou para mim: ‘você está com dois filhos únicos, porque a sua mais velha tem 6 anos’. E a Bebel estava em outra fase, entendeu bem. Eu não tive problema de arranjar tudo, só o trabalho que aumentou bastante, mas foi tudo tranquilo e gostoso.”
A professora de história, ao ficar grávida pela terceira vez, novamente de uma menina, a Ana Sofia, conseguiu descobrir mais diferenças e semelhanças entre os filhos. Os dias da Ana Sofia foram muito bons e saudáveis, e a adaptação entre a mamãe e a nova bebê foi complicada, assim como com os outros dois filhos. Mas diferentemente do filho do meio, a Ana Sofia é muito apegada e gosta muito de colo.


Recomendações para melhorar a qualidade de vida de um bebê


Para todos os bebês pequenos, a pediatra faz uma recomendação muito importante. Ela indica que as mães não os levem em lugares públicos e fechados nos primeiros meses.“Ele está ainda se desenvolvendo, está tomando as primeira vacinas. Mas pode ficar em casa, pode ir para casa da avó ou na casa de parentes onde tenha um lugar sossegado para ele ficar.”
A recomendação mais importante que pediatra e ginecologista indicam para que o bebê cresça bem e saudável é o afeto. Porque se mãe e filho estiverem ligados afetivamente, essa relação vira algo mais  equilibrado e deixa as pessoas mais serenas para viverem. Esse contato desenvolvido pelo afeto gera confiança, segurança e faz o filho conhecer o mundo através da sua mãe.
Esse amor pelos filhos transborda de suas mães. “Duas filhas, é melhor que uma. Uma adotiva, outra biológica, é uma experiência maravilhosa. O amor é igual, mas são histórias diferentes. Tudo é muito bom. Para nós que temos religião e acreditamos em Deus, esse foi o plano dele para nós, e somos muito felizes realizando a sua vontade”, completa Liliane.



E valorizar e agradecer a Deus pelo que tem é o que Miriam faz todos os dias. “Eu pedi muito ao Senhor que eu pudesse ter os filhos… Eu não reclamo, porque isso faz parte da demonstração de gratidão. Faço com todo o amor, com toda a dedicação. Claro que a gente tem momentos difíceis, mas eu tento ao máximo fazer tudo para que eles se sintam totalmente cuidados, amados e amparados.”

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