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Envelhecendo com saúde e diversão no núcleo de convivência de idosos

De segunda a sexta-feira muitos idosos deixam o conforto de suas casas para exercitar o corpo e a mente. Eles se encontram no Núcleo de Convivência de Idosos, localizado no Jardim Princesa, e fazem mímicas, artesanato, dançam, recitam poemas, fazem ginástica, yoga, cantam, vão a teatros, passeios e trocam experiências de vida.



Quando o espaço surgiu em 2008, em parceria com a prefeitura de São Paulo através do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e a Organização Núcleo Coração Materno, o crochê era a principal atividade do espaço. Mas a gestora do local e assistente social, Elaine Cristina, descobriu que as idosas, que são a maioria das frequentadoras, não gostavam de ficar sentadas para fazer algo, gostavam de se movimentar. E, por esse motivo, as aulas de ginástica e dança são os horários com mais participantes. Em média, 70 pessoas passam pelo local para fazer alguma atividade todos os dias.



As idosas são animadas e cheias de vida, mais parecem estar na adolescência do que na terceira idade, como se vê no exemplo vivo de Isaura Nunes. Ela trabalhou até os 72, teve um câncer no intestino e ainda faz tratamento no Instituto do Câncer, mas tem muita disposição. Mais que colegas, ela ganhou uma nova família, que a acolheu com amor e respeito. “Comecei no núcleo há cinco anos, e de lá para cá melhorei muito. Eu vinha de bengala e agora ando mais ou menos. E não fico mais trancada em casa! Aqui a gente acha vivência.”

As mudanças não são registradas apenas nos participantes. Para o psicólogo André Martins, trabalhar no núcleo foi um descobrimento de vida. “Trabalhando com idosos eu pude ter uma nova perspectiva para a minha vida, que tenho que procurar um envelhecer saudável e seguro, que é o que temos que procurar fazer. E aqui eu posso ser a diferença, estou idealizando e realizando.” Ele ressalta a importância do exercitar a memória nos idosos, porque lembrar faz bem. Para ele, mesmo lembranças não tão boas demostram que essa etapa já foi passada e agora elas têm uma condição melhor de vida.

As atividades que são desenvolvidas dentro e fora também trazem melhora na convivência familiar, na autoestima e no condicionamento físico das senhoras. “A gente percebe que idosos que vinham mais retraídos, estão se soltando mais, estão dançando e fazendo essa parte lúdica com facilidade”, diz a gestora Elaine Daniel e o auxiliar administrativo Eliel.

Depois de passar a vida correndo para aprender e fazer os mais variados afazeres, agora o aprendizado é feito aos poucos, com passos de formiguinha. E despertar o interesse nas participantes não é um grande desafio para o assistente social Elielton Ramos que conta que elas aderem a tudo o que é proposto. Para o profissional, “o maior inimigo nessa idade é o ócio”. A maior conquista que ele tem visto nesses três meses de trabalho é poder vencer a depressão, um grande problema presente na vida da maioria.

Alegria de viver

“Posso dizer que aqui é a minha casa, aqui é ótimo e eu entrei para fazer de tudo. No dia que não tem atividade eu fico mal, desde que entrei há oito meses eu tô muito feliz. Eu chamo as minhas amigas para fazer atividade, mas elas não vêm, ficam cuidando do neto. Eu falo: ‘vai aproveitar o restinho de tempo que você tem’. Eu quero viver esse restinho de tempinho que tenho”, completa Margarida Basílio, de 69 anos, que há oito meses teve a sua rotina transformada através da convivência no núcleo.



Além de mulheres lutadoras e inspirações de vida, elas ainda surpreendem quando transformam vida em poema.  “Filhos, netos, continuam o ciclo da existência humana e quando nos damos conta, percebemos os cabelos brancos, rugas no rosto, passos mais lentos. Envelhecemos...Envelhecemos e continuamos vivos, e felizes a contar, agora no passado: os segundos, os minutos, as horas. Sim, ainda o tempo. Esta é a magia do envelhecer...” - Maria Inês Gisse.

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